segunda-feira, 16 de junho de 2014

O ambiente natural de Canela, RS - Brasil


Canela é uma cidade serrana, assentada sobre uma série de nascentes de duas sub bacias hidrográficas. A maior é a do Rio dos Sinos e a menor a do Rio Caí. Dependendo de onde se está, observa-se que as águas correm para um lado ou para outro, dependendo para onde a chuva as atira, ou de onde brotam as nascentes. Desta forma ou elas correm para o arroio Caracol e daí para o Caí, ou são drenadas para o Arroio Quilombo, e daí para o Sinos. É uma cidade privilegiada pela sua geografia devido a abundância de águas e a mistura equilibrada entre campos de altitude e florestas com araucárias.
A zona urbana germinou a partir de um ponto favorável de terreno, como um abrigo natural contra os rigores do clima, e se expandiu para o leste, oeste e norte. O lado sul é escarpado e o mais florestado onde pode-se encontrar ainda uma faixa de vegetação nativa contornando a borda do planalto, na direção do vale do Quilombo e do Morro Pelado. Em direção leste, seguindo para São Francisco de Paula, é possível observar a substituição natural das florestas pelos campos de altitudes, nativos da região e utilizados a séculos para a criação de gado.


Com seus 835 metros acima do nível do mar, Canela tem um clima sub tropical de altitude, onde os invernos são rigorosos e com nevascas eventuais. O rigor do clima é um dos tantos atrativos naturais da cidade no inverno, trazendo visitantes de todo o Brasil, principalmente do norte e nordeste. O frio é o diferencial que encanta mas também espanta.

Araucária na zona urbana da cidade

A floresta de araucárias é uma marca registrada da cidade e da região, exibindo os imponentes pinheiros com seus galhos parecendo aranhas gigantes paradas no céu, ou guarda chuvas virados pelo vento que, na primavera, vem fazer a polinização das pinhas, garantido assim o pinhão do outono. Árvores únicas que só existem no sul do Brasil, as araucárias são relíquias que permanecem por aqui desde o tempo dos dinossauros, junto com os xaxins e outras poucas plantas que não se extinguiram.


Tucano-do-bico-verde, ave frequente nas zonas urbana e rural

Nesta floresta existe uma fauna espetacular, formada por mamíferos, aves, répteis e anfíbios que se utilizam dos frutos, folhas e sementes para sua alimentação. Bugios, tucanos, lagartos, serpentes, aranhas, insetos e uma legião de cogumelos e organismos microscópios fazem a cadeia alimentar se desdobrar em muitos níveis atestando a boa sanidade do meio ambiente.
O campo nativo, que resiste em algumas manchas na área do Palácio do Governo e alguns condomínios próximos, é o testemunho de um ecossistema que que abriga uma fauna diferente, formada por aves de maior porte e de mamíferos pastadores, como os veados e capivaras. Seriemas e gaviões carrapateiros podem ser vistos perambulando mesmo na zona urbana, movidos por motivos alimentares e de expansão de território.
Na zona urbana a vegetação nativa foi praticamente substituída por uma flora exótica originária de diversos continentes, motivado pela estética e pelo ornamental, como os plátanos, aceres e flores de todas as cores, tamanhos e formas que enfeitam jardins e praças. Uma fauna específica se adaptou a zona urbana, aproveitando-se dos abrigos, alimentos e ausência da maioria dos predadores naturais. Assim, sabiás, tico-ticos, saíras, gambás-de-orelhas-brancas, ouriços e muitos outros elementos são relativamente comuns nos jardins e parques da cidade.


Decoração alusiva as festividades do Inverno 2014
Viver por aqui é um exercício interessante, uma vez que exige disposição e resistência ao frio úmido do inverno, prolongado em alguns anos e que exige malabarismos de vestuário. O fogão a lenha e a lareira são elementos presentes em quase todas as casas, hotéis e pousadas. O cheiro de lenha queimada perfuma as ruas da cidade nos dias gelados, fazendo um contraponto interessante com o frio externo, convidando aqueles que estão nas ruas desfrutando o visual do frio a entrarem para participar do ritual do fogo, comerem um pinhão assado e beberem um chimarrão ou um bom vinho tinto. A fumaça da queima de lenha de acácia é como um sinônimo do inverno na região. As chaminés perfumam a cidade com sua fumaça branca anunciando a estação fria, como em Roma ela avisa a chegada de um novo pontífice. 


As festas se tornaram marcas registradas da cidade, como o Sonho de Natal, Festival de Bonecos, Festa da Colônia, Páscoa e Festival de Inverno que atraem milhares de pessoas de todo o Brasil de do exterior. Os finais de semana lotam de curiosos que se deliciam com as decorações sempre muito criativas e interativas, e aproveitam da excelente gastronomia oferecida nos restaurantes do centro da cidade.


Cachoeira do Poço, no Ecoparque Sperry
Canela é uma cidade de muitos parques naturais. Na sua zona rural existem muitos locais dedicados ao convívio com a natureza, sendo o mais visitado o Parque do Caracol. Na direção sul temos o Vale do Quilombo que abriga o Ecoparque Sperry, um santuário natural com cachoeiras e matas preservadas. Há no município mais de 20 parques naturais e temáticos, criando atração para todos os gostos e bolsos.
Assim é Canela, uma cidade serrana pequena, mas com um coração tão grande que pode abrigar qualquer um que venha conhecer suas virtudes, tanto aquelas da natureza quanto aquelas da zona urbana e de seus moradores.






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