quarta-feira, 3 de abril de 2013

Outono, período de mudanças.



Caquizeiro


Chegou o outono, estação de muitas mudanças na natureza e nas pessoas. Vivemos no paralelo 29 graus de latitude sul, bem abaixo do equador (hemisfério austral) onde, durante todo o ano, os dias e as noites tem exatamente a mesma duração. Aqui sentimos a duração dos dias e noites mudarem conforme mudam as estações. O outono é uma estação sempre aguardada devido à progressiva diminuição das temperaturas, a chegada da época de pinhão e a mudança de cores da paisagem.

Ginkgo biloba

As folhas de muitas árvores, como o plátano, caquizeiro, liquidambar, Acer e ginkgo iniciam um lento e irreversível processo de morte que transforma a paisagem num grande palco natural onde mutações cromáticas se exibem como num desfile estático, para o deleite das pessoas. Este processo natural é uma adaptação destas plantas a um frio que se aproxima e a uma estação com menos horas de luz solar. Aos primeiros sinais da nova estação, como o encurtamento do dia, muitas árvores param de produzir clorofila (pigmento verde) nas folhas. Isto determina a interrupção da produção de nutrientes (fotossíntese) e elas começam morrer. Daí inicia o desfile de cores que se inicia com o amarelo e segue para o laranja, vermelho e, finalmente, marrom. 




Caquizeiro

Simultaneamente a este processo, a planta produz e acumula um ácido (abscísico) na base do pecíolo (haste que prende a folha ao galho) que mata as células do local e as folhas acabam caindo, num compasso ditado pelo vento e pela gravidade, e vão forrando o chão do local como um tapete multicolorido.
Olho agora para um caquizeiro pela minha janela e já vejo este processo em curso. O chão começa ficar coberto de folhas alaranjadas e marrons e os frutos tornam-se mais visíveis devido à diminuição das folhas. Mesmo que todas estas espécies sejam exóticas (provenientes de outras regiões geográficas), a beleza do fenômeno encanta as pessoas e sinaliza as mudanças em curso.


Acer sp

Figurativamente, o outono da vida de uma pessoa é aquele período em que ela entra na velhice e aguarda pelo seu inverno – o seu ocaso natural, esperando que não seja muito rigoroso. No nosso calendário o outono dura apenas três meses, mas no calendário figurado da nossa vida ele pode durar muitos anos e ser bem interessante. Aos 61 anos já estou no meu outono, mas o meu inverno, espero, está ainda muito longe e me sinto ainda no verão, com energia e disposição para seguir trabalhando, escrevendo e interpretando a natureza, este elemento que me intriga, inebria, complementa e me alimenta a alma. 

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